Sabe
aquela velha amiga sua do tempo do jardim de infância que você raramente vê,
mas que quando encontra o sentimento é o mesmo? É assim que a Sophie Kinsella
funciona pra mim. Por mais tempo que eu fique sem ler um livro dela, quando
tenho um em mãos o sentimento nunca muda. Por vezes até esqueço do quanto gosto
dela, comparando-a a outras escritoras do universo chick-lit, mas então me vejo
lendo algo dela e pensando no quão única essa inglesa é.
Afinal,
não é qualquer uma que consegue pegar uma história banal do dia-a-dia, em que
uma garota encontra um celular no lixo e fica com ele e panz, em um livro que
99% das pessoas que leram não conseguem largar. Essa garota é a Poppy Wyatt (Você
não achou esse nome engraçado?! Porque eu achei!), uma carismática e bondosa
fisioterapeuta que está noiva de um figurão sexy e inteligente, o Magnus
Tavish.
Poppy é tão
boa e preocupada em atender as pessoas à sua volta que, em um chá com as
amigas, permite que todas elas experimentem seu anel de noivado que pertenceu à
avó de Magnus. Afinal, ele é todo antigo e com esmeraldas perfeitas, e nenhuma
delas ainda tinha visto um daqueles. Entretanto, nunca podemos esquecer de
Murphy e de sua lei que faz com que coisas que pareciam certas desandem. Justo
no momento que as meninas experimentam a jóia, o alarme de incêndio do local
dispara. Correria. Desatenção. E um anel perdido na confusão.
Justo no dia
em que os pais dele, os altamente cultos e arrogantes Wanda e Antony regressam
de viagem. Como ela vai contar que perdeu o antigo anel de miliooones de
dinheiros da família, GOD?! Como?! Não, ela não vai contar. Os funcionários do
local irão achar o bendito e ligarão em pouco tempo para o celular dela avisando,
sim?! Poderia até ser que sim, se o celular dela não tivesse sido roubado
também na confusão. Como ela poderia ficar sem as duas coisas mais importantes
de sua vida?
Então, como em
uma recompensa do destino, a impulsiva Poppy encontra um celular jogado no
lixo. Não é a melhor das situações, mas pelo menos pegando-o ela teria um
número. E o que está no lixo não é de ninguém, é utilidade pública, e esse é um
de seus lemos. O que Poppy não sabia é aquele celular pertence à uma empresa.
Mais precisamente, a uma ex-assistente de um figurão do mundo corporativo, Sam
Roxton.
É depois dessa
confusão que o livro começa de fato. Ilustrando relações modernas, Kinsella nos
presenteia com personagens extremamente cômicos e humanos, pessoas como nós que
tem medo, inveja, e que, acima de tudo, buscam serem felizes. E as situações
narradas são as mais hilárias possíveis.
É interessante
acompanhar o amadurecimento de Poppy, sobretudo através das confusões que ela
se mete pelo celular de Sam. O fato é que ela pensa que o está ajudando ao se
comprometer a reencaminhar todas as mensagens do aparelho para ele, mas mal
sabe que na verdade é Sam quem mais a ajuda a se libertar de algumas amarras
invisíveis.
FCSN
é um livro tão delícia de ler que nem a edição em páginas brancas te cansa e
nem a capa infantil te desestimula. Pode acreditar. E as mais de 400 páginas
não parecem, ao final, nem 200, se você é como eu que fica rezando pro livro não
acabar. Porque este acabou rápido demais e eu já estou morrendo de saudades da
Poppy, do Sam e do celular deles.
Foto: Melina Souza |