28 setembro 2013

Cidades de Papel

                Todos nós tivemos amigos de infância, reais ou imaginários, certo? E anos depois, mesmo quando aquela pessoa está longe ou com novos amigos, costumamos ainda nutrir um carinho especial por ela – porque a gente ainda acredita que mesmo longe, existe um pedaço daquela pessoa que só a gente conhece. Pelo menos comigo é assim. E com o Quentin também.
                Quentin Jacobsen acreditava que todo mundo tem seu milagre, e que o maior milagre da vida dele era ser vizinho da Margo Roth Spiegelman. Mesmo que agora eles fossem meros conhecidos na escola - correção: agora Margo era uma popular -, houve um intervalo de tempo na infância deles em que eles compartilharam momentos só deles.
                Quando Margo invade a vida de Q novamente, através da janela de seu quarto em uma noite de maio, com a cara pintada e vestida como uma ninja e convocando-o para participar de um engenhoso plano de vingança, ele não sabia que sua pacata vida iria mudar radicalmente. Após uma madrugada de aventuras (que incluem invadir ou arrombar curiosos lugares), Q descobre que a enigmática Margo fugiu da cidade mais uma vez.
                Curioso com o padeiro da garota e enciumado por ela não o ter incluído nem avisado desta vez, Q resolve descobrir o misterioso paradeiro de Margo, baseando-se em algumas pistas. Porém, quanto mais ele estuda o caso, mas ele se distancia da imagem da garota que achava conhecer e aprende mais sobre si mesmo.
                Cidades de papel é um livro que trata sobre aparências, sobre as coisas que realmente importam e sobre os fios que nos conectam. John Green, através da sua já admirada narrativa, nos apresenta personagens sólidos e totalmente críveis, perfeitamente cabíveis na sociedade em que vivemos.  
Através de sacadas interessantes e de muita poesia, percebemos o quanto podemos nos enganar com nós mesmos, como podemos idealizar os outros e como fatos do passado podem refletir e moldar uma vida inteira, deixando sequelas positivas ou negativas. E mesmo que algumas coisas sejam mais bonitas de longe, bom mesmo é ver de perto e fazer parte.
Um recado final pro Jonh Green: John, manda pra cá a sua lista de compras, porque até ela deve ser interessante.





" Eis o que não é bonito em tudo isso: daqui não se vê a poeira ou a tinta rachando ou sei lá o quê, mas dá para ver o que este lugar é de verdade. Dá para ver o quanto é falso. Não é nem consistente o suficiente para ser feito de plástico. 
É uma cidade de papel. Que dizer, olhe para ela, Q: Olhe para todas aquelas ruas sem saídas, aquelas ruas que dão a volta em si mesmas, todas aquelas casas construídas para virem a baixo. Todas aquelas pessoas de papel vivendo suas vidas em casas de papel, queimando o futuro para se manterem aquecidas. (…) 
Todos idiotizados com a obsessão por possuir coisas. Todas as coisas finas e frágeis feito papel. E todas as pessoas também. Vivi aqui durante dezoito anos e nunca encontrei ninguém que se importasse com qualquer coisa."

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24 setembro 2013

Olho por olho






Certos episódios da vida repetem-se na história de muitas pessoas. Bullying, por exemplo. Todos somos passíveis de julgamento externos e sensíveis aos mesmos, mesmo que disfarcemos. Dói. Pensamos, então, em como pode mostrar que somos melhores. Planejamos. Às vezes a vida responde pela gente. Ou podemos simplesmente esquecer. Mas essa palavra não existe no vocabulário de Kat, Lillia ou Mary. Esquecer... impossível. Elas querem apenas uma coisa: vingança. Afinal, garotas crescidas não choram... elas acertam contas. E, uma coisa que começou como uma simples brincadeira entre três quase-desconhecidas, toma forma e atingindo rumos inesperados.
                Em OpO, o leitor é convidado a descobrir que não existe certo e errado, e que um mesmo acontecimento sob diferentes pontos de vistas podem resultar em distantes realidades. Para as garotas, estava valendo a lei do “olho por olho, dente por dente”. O carma já não era mais suficiente, e elas decidiram que era hora de algumas contas serem acertadas. Pode ter sido o ímpeto do momento ou o sufoco de anos, o fato é que algo quebrou e nenhuma das três soube consertar sozinha.
Como é lugar comum em livros desse tipo, os dramas da adolescência marcam presença. Não só eles, como também aquela velha receita norte-americana: líderes de torcida sem graça, capitão de time de futebol que se acha, garotas revoltadas donas da razão, nerds que escrevem poemas, festa de formatura, etc. Essa é a parte chata do livro. Pense naquele cliché dos filmes. Vai estar lá, igualzinho, sem nenhuma crítica ou distorção. Começo a pensar que o problema mesmo estão nas escolas de lá e nos seus armários perfeitos.
                Escrito em conjunto por duas escritoras promissoras da academia literária norte-americanas, não posso negar que o livro possui uma narrativa - do tipo que eu peguei ontem à noite e terminei ontem à noite. 300 páginas, sério mesmo. As tramas, grande parte ambientadas no interior de um colégio nos EUA, são narradas pelas três garotas, que se revezam contando as histórias (e suas histórias) de acordo com seus pontos de vista ao decorrer dos capítulos.

                Mesmo com um final super sem graça (porqueeunãosabiaqueeraumatrilogia), é uma leitura interessante se você tentar ler enxergando os diversos tipos de visões e as coisas que nossas mentes podem criar. Certa vez li uma reportagem que dizia “o inferno somos nós”. E é verdade. Só que algumas pessoas às vezes resolvem habitar no inferno das outras.

FICHA
Autores: JENNY HAN | SIOBHAN VIVIAN
  • Título: Olho por Olho
  • Selo: NOVO CONCEITO
  • Ano: 2013
  • Número de páginas: 320
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Editado por Agnes Carvalho. Imagens de tema por andynwt. Tecnologia do Blogger.

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