02 março 2013

A distância entre nós

Distância costuma ser definida como algo que separa dois pontos. Nada mais é que um intervalo, seja ele físico, emocional ou social. A grande esperteza dessa senhora é fazer a gente pensar que a controlamos: que estamos perto quando queremos, e longe quando bem entendemos. É fazer-nos pensar que ela realmente importa e que quanto mais distantes estivermos de algo, mais difícil será consegui-lo ou mantê-lo.
Será que a distância existe mesmo? Muitas vezes, ao observar as situações com olhos viciados, não vemos o que, em verdade, separa as pessoas.
Capa do Livro 
Thirity Umriga debate sobre tal conceito de distância com um plano de fundo bastante inspirador: a Índia. Neste cenário, repleto de cores, tradições, castas, religiões e desigualdades, somos apresentados as histórias de duas maravilhosas e solitárias mulheres.
Bhima é uma velha hindu analfabeta, porém bastante perspicaz, que mora em um casebre na favela com sua neta Maya. Sera é uma viúva parsi bem-educada e estudada. Toda manhã Bhima toma seu habitual ônibus, na atribulada Bombain, para a casa de Serabai, aonde trabalha como doméstica há muitos anos.
Duas mulheres separadas pela casta – patroa e empregada –, mas muito próximas em suas histórias pessoais de subjugação e opressão. Através da íntima relação entre a Senhora e sua criada, vemos potencializada a distância entre dois mundos: parsis X hindus, ricos X pobres, letrados X ignorantes, mulheres X homens. Cada um, ao seu modo, solitário e infeliz.
Ao longo da leitura, evidencia-se que é negado às indianas o direito de ser feliz. Elas não podem simplesmente fugir para Pasárgada, como Manuel Bandeira faria, pois lá não possuem amigos. Elas são oprimidas na sociedade e em seus próprios lares. Nenhuma delas, seja solteira, casada ou viúva, está isenta de tal sofrimento. Os homens não são amigos. Infiéis, manipuladores, ausentes: na narrativa de Umriga não temos outra opção de adjetivo para o sexo masculino indiano.
 “A Distância entre nós” é um romance narrado a partir da proximidade entre duas mulheres habitam em universos diferentes, mas se encontram através de suas faces humanas. A dor aparentemente não tem preconceito social. E conecta pessoas de formas inimagináveis, tal como conectou Bhima e Serabai, e mudou suas vidas e a forma como se relacionavam para sempre.
Se você leu O Caçador de Pipas ou A Cidade do Sol e gostou, A Distância Entre Nós deve entrar para sua lista.

Favelas Indianas

Beijos,
Agnes

5 comentários:

  1. Ain esse livro parece ser tao emocionante . quero ler =D
    Céu de Letras

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  2. se quem gostou de Cidade do Sol e Caçador de pipas gostará desse
    o/ ótimo eu amarei
    gostei da resenha e eu ainda nao tinha ouvido falar desse livro
    gostei da novidade!
    bju
    http://entrenossoslivros.blogspot.com.br/

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  3. Eu comprei esse livro há um tempinho, mas ainda não o li.
    Me fez lembrar de "Pequena Abelha", um outro livro lindo que fala sobre como pessoas distintas (sobretudo mulheres) se aproximam na dor. Já leu? Se ainda não leu, recomendo.
    bjo

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  4. Gosto mesmo de conhecer países e culturas diferentes através dos livros, e este é um dos que eu gostaria muito de ler se caísse em minhas mãos.
    Gosto do seu jeito de escrever, Agnes! ;)

    Beijão. :-*

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  5. Olá!
    Lembro de ter visto esse livro no site da editora e fiquei curiosa para saber sobre o que tratava... Não é o típico livro que eu leria, mas a trama parece ser interessante.
    Beijinhos

    Daisy
    nuvemdeletras.blogspot.com

    Ahh parabe´ns pelo blog, estou seguindo :)

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Editado por Agnes Carvalho. Imagens de tema por andynwt. Tecnologia do Blogger.

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