A última carta de amor

                Para falar deste livro, nada melhor do que começar pela capa, sim?! Livros com capas tão ricas e bem trabalhadas como essa quase não precisam de histórias. MUITO AMOR. Só ter um desses para enfeitar a estante já vale muito.

                Em geral, depois da capa analiso o título. A última carta de amor. Brega? SIM! Mas acredito que às vezes tudo o que a gente precisa é de uma coisinha brega e clichê pra deixar a gente com um sorriso bobo no rosto.

                E então, a sinopse:               

*pode pular direto pra resenha se quiser, garanto que você vai entender tudo!

** pula, pula!!!

Londres, 1960. Ao acordar em um hospital após um acidente de carro, Jennifer Stirling não consegue se lembrar de nada. Novamente em casa, com o marido, ela tenta sem sucesso recuperar a memória de sua antiga vida. Por mais que todos à sua volta pareçam atenciosos e amáveis, Jennifer sente que alguma coisa está faltando. É então que ela descobre uma série de cartas de amor escondidas, endereçadas a ela e assinadas apenas por “B”, e percebe que não só estava vivendo um romance fora do casamento como também parecia disposta a arriscar tudo para ficar com seu amante. Quatro décadas depois, a jornalista Ellie Haworth encontra uma dessas cartas endereçadas a Jennifer durante uma pesquisa nos arquivos do jornal em que trabalha. Obcecada pela ideia de reunir os protagonistas desse amor proibido — em parte por estar ela mesma envolvida com um homem casado —, Ellie começa a procurar por “B”, e nem desconfia que, ao fazer isso, talvez encontre uma solução para os problemas de seu próprio relacionamento. Com personagens realísticos complexos e uma trama bem-elaborada, A última carta de amor entrelaça as histórias de paixão, adultério e perda de Ellie e Jennifer. Um livro comovente e irremediavelmente romântico.

                Em A Última Carta de Amor somos convidados a conhecer o universo de duas mulheres que viveram suas histórias de amor em diferentes épocas. Elas não se conhecem, mas as ações de uma irão interferir de maneira irreversível na vida da outra. Será que os romances mudaram muito nos últimos 40 anos? Como a sinopse já adianta, AUCA é uma história de paixões, adultérios e perdas.

Ellie Haworth está em busca do que toda jornalista almeja: elaborar uma reportagem especial, que transforme e alavanque sua carreira. Revirando arquivos antigos do jornal em busca de inspiração, Ellie encontra uma carta de amor. Em busca de temas para seu artigo e de respostas para a sua vida pessoal, pois ela está em relacionamento aparentemente unilateral com John, um escritor casado, ela lê essa carta e outras que encontra no mesmo envelope – e é aqui que a história começa de fato.

Quando Ellie começa a ler as cartas, voltamos quarenta anos no tempo. De repente, estamos na década de 60 e estamos acompanhando a rotina de Jennifer Stirling, uma mulher da alta sociedade que tenta voltar à sua vida antiga depois de um grave acidente de carro, no qual ela perdera parte de sua memória – bem no estilo da Krickett de Para Sempre. O problema é que além de não se lembrar de absolutamente nada, ela não se sente confortável na presença das pessoas que supostamente deveria gostar, e com o seu marido, Laurence, o sentimento não é diferente.

Jennifer decide viver da melhor forma possível e agradar a todos, mesmo sentido-se sempre deslocada. Para ajudar a sua memória, ela busca informações que possam fazê-la relembrar algo. E é justamente nessas pequenas buscas dentro da própria casa que ela encontra uma carta endereçada a ela, assinada misteriosamente por “B”.

Obviamente, era uma carta de amor, lindademorrer, daquelas que toda mulher deseja secretamente receber um dia.  Então Jennifer começa a compreender: provavelmente ela tinha um amante. Provavelmente estava vivendo um caso. E finalmente entendeu porque não conseguia sentir nenhum tipo de emoção quando estava com seu marido.

A narrativa em terceira pessoa pode confundir um pouco o leitor no começo:  uma hora estamos com a Ellie,  e, de repente,  com as duas Jennifers: com Jennifer antes do acidente – bela e viva – e com a Jennifer desmemoriada, que buscava respostas para perguntas que nem ela sabia elaborar sobre si própria. Porém esta mesma narrativa que confunde também soma: nos possibilita viajar no tempo e compreender a história por completo, antes mesmo dos personagens.

Sim, é um livro clichê e previsível. Mas não deixa de ser bonito. É interessante ver como as personagens crescem ao avançar dos capítulos, e mais interessante ainda é ver as histórias se conectarem. As duas mulheres aprendem uma com a outra. Não sou a favor da traição, mas a maneira que a Jojo conduz me faz sentir que era pra ser mesmo, sabe? Como se as coisas estivessem escritas, e o fato dos personagens estarem comprometidos fosse apenas um mero impedimento para encontrar o amor e o aprendizado verdadeiro. 

É emocionante ver a Jennifer buscando o homem que amava, mesmo não lembrando o seu rosto, apenas pela certeza do sentimento.  A história dela é uma prova dos verdadeiros encontros e desencontros que podem acontecer na vida, uma prova de como pequenos acontecimentos podem alterar o futuro de muitas pessoas para sempre. Mas se o amor é verdadeiro, o universo conspirará a favor, não importa quanto tempo passe, pelo menos nos livros. Acompanhar o crescimento da Ellie é tão emocionante quanto, e o momento que ela enxerga o seu relacionamento da maneira real, sem os óculos da paixão, é uma das melhores partes do livro.

Foi o primeiro que li da Moyes, e me identifiquei com sua narrativa não-linear e muito bem escrita. Outro ponto alto dos livros são os inícios dos capítulos: a página inicial de cada um deles contém o mesmo laço da capa junto com “últimas mensagens” (mensagens de rompimento) de casais reais, que foram enviados anonimamente para a escritora.

Não vou falar mais se não vou acabar dando mais spoiler do que já dei e vocês vão me xingar por escrever tanto. Então, se você gosta de um bom romance,  este livro é uma excelente escolha. E se também apenas quer matar um pouquinho de tempo, leia-o também. Os únicos que não poderão gostar muito desse livro são os respectivos de cada um... afinal, depois de ler tantas cartas lindas, você ficará MUITO mais exigente! 

Classificação:

Autora: Jojo Moyes

Editora: Intrínseca

Páginas: 378

Ano: 2012

"(...) - E... eu tenho um amante – diz, sem saber bem por quê.

- Um “amante”?

- Ele é... casado.

- Ah. Então essas cartas falaram a você.

- Sim. A história toda. É aquela coisa de querer o que não se pode ter. 

E de nunca conseguir dizer o que realmente se sente." 

Beijos,

A.