“Budapeste, no exato momento em que termina, transforma-se em poesia.” (WISNIK, 2004)
Que
Chico Buarque nasceu destinado para compor e cantar, isso eu já sei faz tempo. Chico
é daqueles que o talento não cabe dentro de si, e por não caber, transborda. E
por transbordar, nos atinge, por vezes só molhando as pontas dos pés. Outras, o
corpo inteiro.
Budapeste.
Sempre achei engraçada essa palavra; a junção de duas palavras aparentemente
alheias uma a outra: Buda e Peste. Pesquisando, descobri que na verdade Buda e
Peste eram duas cidades húngaras que se fundiram. E eis que percebi mais uma
vez como Chico, mestre das palavras, expressa tudo sobre sua obra já no título
e nós, meros leitores, nada percebemos, tudo deixamos passar.
Depois
de concluir a renomada autobiografia “O Ginógrafo”, encomendada por um
executivo alemão, José Costa, um talentoso escritor fantasma aprende a
verdadeira arte da escrita. José Costa
não tencionava fazer deste um grande livro, assim como não tencionava viajar
para Budapeste, logo depois, em razão de um encontro anual de escritores anônimos.
Ele também não sabia o que o aguardava naquela cidade fria, aparentemente
cinzenta.
“Zsoze
Kósta” é tão carente de ambições verdadeiras quanto é dual. Fatigado por seu
próprio talento e por seus problemas no Rio de Janeiro, ele refugia-se em
Budapeste e logo se percebe envolto por duas cidades, duas mulheres, dois
livros. Tudo outra vez. Às vezes, as coisas das que fugimos insistem em nos
perseguir. São tantos pares simétricos, tantas semelhanças entre as duas vidas
de Costa – uma no Brasil e outra na Hungria, que é impossível não voltar à
questão de Buda e Peste. Duas cidades distintas que se uniram. José, no Brasil
e Kósta, quando na em Budapeste, já que os húngaros tratam a todos pelo
sobrenome, são os verdadeiros nomes que componhem a imagem deste homem, tão
misterioso quanto o húngaro, língua pela qual se apaixona. E através dessa nova
língua, ele começa a escrever uma nova história. Dois homens unidos em um só. O
José era prosa, o Kósta é poesia. Quando em Budapeste, aquele mesmo carioca
banal adquire outro ritmo, outra musicalidade... adquire valor e
reconhecimento. É na Hungria que este escritor deixa o anonimato e recebe o
reconhecimento que lhe é de direito.
Portador
de uma narrativa ímpar e impecável, Budapeste possui uma história simples de um
anti-herói, mas que nos é contada de forma extremamente envolvente. Após ler
este livro só me restam duas coisas: ler os outros livros já lançados por este
ícone e ficar na torcida para que ele continue fazendo mais canções em forma de
romance.
Beijos,
A.
nao sei se eu leria nao viu
ResponderExcluireu vi o filme, nao curti e acho que a leitura nao me agrada entao tudo ajuda para que eu nao queira ler o livro
mas gostei da resenha ^^
não sei se é meu tipo de livro, mas se eu tiver oportunidade talvez leia :))
ResponderExcluirbeeijo
Letícia - Céu de Letras
nunca li nada do autor, mas tenho muita vontade!
ResponderExcluirrealmente, o título do livro é uma palavra engraçada.
ótima reflexão sobre a obra. parabéns.
Beijos,
Samantha Monteiro
Word In My Bag
http://wordinmybag.blogspot.com.br/
Gostei tanto da sua resenha! Eu já tinha achado a história interessante por envolver um ghostwriter e por se passar em Budapeste, mas depois li tantos comentários desanimadores sobre o livro que acabei ficando com o pé atrás. Agora minha vontade de conhecer a obra voltou com força total. Obrigada!
ResponderExcluirLivro do Chico... é ótimo para se desprender de livros estrangeiros e valorizar o autor nacional....
ResponderExcluirMe visita?
Guilherme Kunz
www.tematoa.blogspot.com.br
Oi, tudo bom?
ResponderExcluirEste livro está na biblioteca da escola há dois anos. Sempre fiquei encarando a capa, com medo de pegar. Esse ano fiz um trabalho que envolvia Budapeste e fiquei muito encantada com o lugar. Além, é claro, de todo o mito por trás dele e as estátuas de Buda e Peste.
Depois de você recomendar o livro, pretendo alugá-lo!
Beijos,
nathlambert.blogspot.com
Oi! Adoro o seu blog! Sempre que posso dou uma passadinha por aqui... E que grata surpresa tive hj! Amei a sua resenha! Principalmente porque amo o Chico como escritor e esse é o meu livro preferido dele. Nunca pensei no livro dessa forma. A sau abordagem foi perfeita! Parabens! Resenha divina! bjsss
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